terça-feira, 12 de janeiro de 2010

300 índios caminham da Funai ao Ministério da Justiça e querem justiça

Hoje, dia 12 de janeiro de 2010, foi um dia extraordinário no movimento indígena de raiz brasileiro.

De manhã, cedinho, os 150 índios Potiguara, Pankararu, Atikum, Pankará, Fulniô e Xavante que haviam dormido sob as marquises da Funai, se uniram aos Kayapó e outros grupos Xavante, aos Tapirapé, Karajá, Maxakali, Krahô, e fecharam a sede central da Fundação Nacional do Índio, em Brasília.

Cantando, dançando e discursando, eles mantiveram a Funai fechada por todo o dia. Os jornais, as televisões, a imprensa em geral, acudiram ao chamamento da sua luta e logo buscaram saber do que se tratava.

O fechamento, a tomada da Funai, teve repercussão por todo o Brasil. Todos os jornais eletrônicos, os jornais televisivos mostraram cenas, entrevistaram líderes indígenas e fizeram ver e saber ao resto do Brasil o que estava se passando -- ao menos superficialmente -- na questão indígena brasileira.

À tarde, a partir das 14:00, os índios tomaram o auditório da Funai para discutir o que fazer. Lá o Potiguara Caboclinho tomou a palavra para relatar que havia recebido um telefonema do atual presidente da Funai no sentido de convidá-lo para vir conversar com ele, com uma comissão pequena. "Arreglar las cosas". Caboclinho rejeitou a oferta imediatamente, mostrando ao seu interlocutor o quanto os índios não confiavam nele, pela traição que havia feito aos índios que de boa fé haviam participado do CNPI, e a todos os demais índios brasileiros que foram traídos pela infidelidade de seu ato de levar ao presidente Lula um projeto de decreto que, se vier a ser realizado, será a ruína dos povos indígenas brasileiros.

Os demais índios no auditório aplaudiram a atitude do líder Potiguara. Decidiram fazer uma longa caminhada até o Ministério da Justiça para buscar conversar com o ministro da Justiça, que também é responsável pelo decreto.

A caminhada foi longa, da Funai, onde está o Setor de Rádio e Televisão, Esplanada dos Ministérios abaixo até o ministério da Justiça. Foram cantando e expondo as faixas de protestos. Algumas delas são muito duras. Umas deles diz:

LULA -- O ANTI-RONDON MODERNINHO

Outras pediam a revogação do decreto de reestruturação e a saída da direção inteira da Funai.

Ao chegar lá, não foram recebidos pelo ministro e se recusaram falar com a enviada que veio comunicar a ausência do ministro e do secretário-executivo.

O governo faz mal em prolongar a falta de diálogo direto. Os índios não confiam na direção atual da Funai. Falam com o ministro ou com o presidente da República.

A demora em revogar o decreto e exonerar os responsáveis só vai piorar a situação. Os índios não vão arredar pé.

Mais 200 a 300 índios estarão chegando amanhã. De várias partes do Brasil. Até do Mato Grosso do Sul, de onde se pode dizer que nenhuma administração foi extinta.

Mas os Terena, Kadiwéu, Guarani Kaiowá e Ñandeva, os Kinikinao e Oti-Xavante sabem que o decreto os atinge a todos.

Demonstrações de protesto começam a pipocar pelo Brasil. Hoje os Kaingang e Guarani tomaram a Funai em Curitiba e fecharam dois trechos da BR-373. Prometem que voltarão a fazer de novo em trechos diferentes, de surpresa.

Ninguém é privilegiado com esse decreto. Todos são prejudicados. Todos sofrerão.

O sentimento indígena está mais forte do que nunca. É assim que se faz história. Preenchendo o vácuo político criado pelos crassos erros, equívocos e pela soberba dos outros.

5 comentários:

Anônimo disse...

A revolta indígena é fruto do descaso da direção da FUNAI com a questão daqueles povos, todos nós sabemos que o grupo que comanda atualmente a FUNAI, lá estar com o proposito de abrir passagem para o PAC do Governo Federal dentro das Terras Indígenas, sem a preocupação da preservação do território das comunidades atingidas, mais tarde vamos ver o que restou, com certeza só desculpas.
12.01.2010

Anônimo disse...

Mércio,

O Presidente da FUNAI - Márcio Meira continua insistindo em mentir para a imprensa. Veja sua entrevista no Correio Braziliense.
http://www.correiobraziliense.
com.br.
Temos que ajudar os índios neste movimento, eles não podem continuar com tanta sacanagem.

Anônimo disse...

Mércio,


Sei que os Índios estão lendo o seu blog e enviando comentários, então eu tenho uma explicação para eles com relação às coordenações técnicas, já que o Presidente Márcio Meira disse que as coordenações serão fortalecidas.

Vejamos:

As coordenações técnicas não foram especificadas no Decreto.

Isto é, quem gritar mais alto levará para sua cidade uma coordenação, por isso não foi dado nome aos bois. Claro ele achou que seria assim, compraria os índios, presenteando-os com uma coordenação.

As coordenações técnicas terão apenas um detentor de Cargo em Comissão de DAS 101.1.

Isto é, autonomia ZERO.

As coordenações técnicas deixarão de ser gestoras, isto é: Não serão executoras, não poderão fazer licitação, pregão, comprar, empenhar, pagar, elaborar projetos, prestar assistência aos postos indígenas, porque ficarão no mesmo nível dos postos, isto é, aqueles que porventura ainda existirem.

Não poderão exercer ações importantíssimas em favor dos indígenas.

Isto falando por cima, porque o que se perderá de parcerias com órgãos federais, estaduais e municipais, será grande alcance.

Outrossim, o decreto foi feito com tanta pressa, que FG-3, é uma função gratificada intermediária, e não de chefia, e lá no decreto consta como um cargo de chefia, o DAS 101.1 e 101.2 uma é de direção e a outra de assessoramento, e lá no decreto consta todos como chefe de serviço, isso é uma prova de que quem o elaborou fez com tanta pressa de executar logo a maldade que deixou o decreto com tantas falhas.

Você sabia que as atribuições dos novos cargos dos DAS da FUNAI ainda TÃO TEM ATRIBUIÇÕES, e que os grupos compostos as pressas, estão tendo a maior dificuldade de fazer o apostilamento.

QUE VERGONHA.

E o presidente da FUNAI ainda vai a um jornal falar que está havendo um engano de interpretação.

Ele esquece que hoje os índios saíram "por um tempo" de suas aldeias e foram para as universidades, e muitos já estão formados em diversas áreas, e sabem muito bem ler um decreto.

NÃO SÃO MAIS ENGANADOS, graças a DEUS.

NÃO ACREDITEM, EM NADA que for dito pelo presidente e a sua cúpula, resistam até a solução do problema.

Anônimo disse...

É impressionante o momento histórico que estamos vivenciando, nunca visto antes na história do indigenismo neste país. Parabéns aos índios pela luta incansável pela construção de uma FUNAI melhoe e contra a demolição do órgao proposta pelo decreto.
Demonstração de lideranças, organização e democracia. e nós que somos os chamados civilizados!!!

Anônimo disse...

ALIENÍGENAS E INDIGENISTAS "MARCIANOS" FRACASSAM NAS NEGOCIAÇÕES

São tantas as mentiras e chavões capciosos, que os índios não acreditam mais nos PELEGOS de plantão.

Os indigenistas rodonianos, são os responsáveis sim,
pela:

1-Demarcação e preservação da imensa maioria das Terras Indígenas regularizadas, muito antes da invasão MARCIANA;

2-Preservação dos patrimônios culturais e ambientais indígenas, onde atuavam como Chefes de Postos;

3-Politização e culturalismo dos povos indígenas, atuando na área de educação da FUNAI, que formou uma legião de indígenas universitários, que aprenderam a interpretar Decretos e atos governamentais, sem interferêcia de ongueiros e pelegos;

4-Autonomia dos Povos indígenas que aprenderam com os NÃO MARCIANOS, como funciona a burocracia e mentiras governamentais;e

5-Proteção e preservação dos índios isolados, sem financiar ong´s MACIANAS.

MENTIRAS DOS MARCIANOS

1-Que os Postos Indígenas e Administrações não foram extintos (é só ler o Decreto);
2-Que vão ressucitar Administrações extintas (cade os atos?);
3-Vai ter concurso (cade o edital?);
4-Que os veteranos da FUNAI fizeram tudo errado (quem preservou as riquezas, que eles querem entregar pras ong´s?);
4-Que a Convenção 169 foi cumprida (por que os membros da CNPI estão se dizendo traídos).

Chega de mentiras e acusações levianas.

MOVIMENTO DE RESISTÊNCIA - VIVA RONDON

 
Share