quarta-feira, 1 de julho de 2009

O Parque Indígena do Xingu continua lindo




Estive este final de semana em visita ao Parque Indígena do Xingu a convite de lideranças dos povos Yawalapiti, Kamayurá e Kuikuro. Estava para ser realizado um Jawari, que é um dos grandes rituais xinguanos que comemoram a paz entre aqueles povos e conclui o luto de mortos ilustres.

O Jawari foi realizado na aldeia dos Kamayurá, sob a orientação do líder principal e grande pajé Takumã. Hospedei-me na casa de seu filho, Kotok.

Eis aí algumas fotos do Jawari. Assisti com alegria a todo o ritual, que aconteceu a partir da tarde do sábado, com a chegada dos visitantes Waurá, com cantos durante toda a noite, e a festa final de luta com flechas logo de manhã.

Participei antes, na manhã do sábado, de uma reunião que acontecia na aldeia do povo Kuikuro, com lideranças das aldeias, entre eles Afukaká e Djakalo, e com os jovens que estão se envolvendo com os problemas externos ao Parque, sobretudo as questões de segurança territorial, poluição dos rios e o zoneamento agro-florestal que o governo do estado do Mato Grosso está instituindo. A reunião vai resultar num forte pedido das lideranças xinguanas para que se faça a reunião desse zoneamento numa das aldeias locais.

Conversei com diversos chefes indígenas, entre eles, Aritana, que me acompanhou nas reuniões e traduziu partes do que eu falava para as lideranças mais velhas que têm domínio relativo do português.

Os líderes xinguanos estão muito preocupados com o que ouvem sobre o que está acontecendo no mundo, com o aquecimento global, a poluição dos seus rios devido aos agrotóxicos lançados das fazendas de soja, milho e algodão que circundam o Parque. Querem providências. Urgentes. Querem tomar iniciativas políticas para serem ouvidos. Estão procurando caminhos institucionais para isso. Muita coisa boa para o indigenismo brasileiro surgirá das atitudes que esses chefes irão tomar. Provavelmente vão criar novas instituições para fazer frente à falta de iniciativa da Funai, ao abandono em que estão vivendo. Vamos aguardar os próximos meses.

À esquerda, o grande pajé Takumã, do povo Kamayurá.

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