sábado, 7 de março de 2009

Conceição Tavares e Luciano Coutinho abrem o jogo: a crise veio para durar


Os problemas econômicos que saíram dos Estados Unidos e da Europa estão atingindo o mundo todo. A China, modesta que só, declarou ontem que só vai crescer 8% este ano. Já o Brasil, pela boca de nosso presidente e do ministro da Fazenda, parece que não vai sofrer tanto e que logo, logo estará de calças levantadas de novo.

Por enquanto, não vamos sofrendo grandes transtornos, a não ser as demissões anunciadas pela Embraer, que deu o que falar e que, no final, até o presidente Lula aceitou.

Mas eis que do alto de sua fama, a economista Conceição Tavares faz uma agressiva declaração contra o Banco Central dizendo que esse Banco é um feudo inimigo, enquanto a Petrobrás é amiga.

Ora, o que significa isso? Um recado ao presidente Lula, combinado ou não, para destituir o Henrique Meirelles e baixar as taxas de juros. Dois dias atrás o IPEA, pela análise de um dos seus economistas colaboradores, João Sicsu, declarou que se o Brasil baixasse 1% que fosse dos juros economizaria 13 bilhões de reais de juros só este ano. Se chegasse à faixa de 7% dos atuais 12,75%, a economia seria de 32 bilhões.

É muita coisa e muita proposta junta ao mesmo tempo!

Alguma coisa na economia vai acontecer em breve. Pela foto da Conceição, sempre faceira, mas agora com ar de felicidade irônica, alguma coisa vai acontecer.

Por sua vez, Luciano Coutinho, um dos discípulos diletos da Conceição, professor de economia da Unicamp, sai com a declaração de que a recessão não será mole como pensam os economistas da Fazenda e o próprio Lula. Vai ser braba, e mesmo quando a economia voltar a crescer será sempre em taxas pequenas.

Quem será que tem razão nesse imbroglio inédito!

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Coutinho prevê longa estagnação

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmou nesta quinta-feira que a avaliação de que a economia mundial poderá começar a se recuperar no segundo semestre de 2009 soa como algo “irreal”.

A avaliação foi feita na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). “Essa é uma crise gravíssima e que se estenderá por três ou quatro anos. Teremos um longo período de estagnação. Não parece crível que poderemos
ter uma recuperação no 2º semestre. Isso me parece muito irrealista”, disse Coutinho. “Como estudioso de História, acredito que essa crise se prolongará com crescimento negativo mundial, principalmente nas economias desenvolvidas, em 2009 e 2010. Depois, teremos taxas de crescimento muito baixas”, afirmou. “Estamos vendo os primeiros capítulos de uma grande e longa crise”. Para o economista, “inovações financeiras” que potencializaram a alavancagem no crédito foram as principais responsáveis pela crise financeira que nasceu nos Estados Unidos.

A economista Maria da Conceição Tavares, professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), classificou o Banco Central (BC) como “feudo inimigo” e criticou a política monetária adotada pela instituição, que, segundo ela, é baseada em juros altos. “Ninguém, nenhum país, está mantendo taxas de juros absurdas. O que atrasa é que no Brasil temos duas nações. Uma amiga, que é a Petrobras e um feudo inimigo, que é o Banco Central”, disse a professora. Ela defendeu a redução urgente da taxa básica de juros, a Selic. “Somos vítimas de uma ideologia conservadora de mais de 20 anos, quando tínhamos o problema grave de inflação. Isso não existe mais. Todos, até mesmo os alemães, se espantam com a nossa ortodoxia”, completou.

2 comentários:

Anônimo disse...

O Capitalismo fracassou, não podemos mais aceitar sua permanência. A agiotagem se alastrou e estão até nos procedimentos dos supermercados.
O atual governo não adotou nenhuma medida para viabilizar uma política econômica mais descente - há abuso dos Bancos e outras agencias e empresas que exploram a política de juros, inclusive as da linha de produção.
Um verdadeiro fracasso.

patricia disse...

... só não entendi porquê para a Maria Conceição ter razão o Luciano Coutinho tem que estar errado ou vice-versa...

 
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