sexta-feira, 6 de março de 2009

Aryon Rodrigues alerta para a extinção de línguas indígenas

Aryon Rodrigues, linguista e professor emérito da UnB, em palestra em João Pessoa, PB, alerta que muitas línguas indígenas estão em perigo de extinção, por desuso ou por falta de falantes.

O alerta foi feito no Congresso Internacional da Associação Brasileira de Linguística, que está acontecendo em João Pessoa. Nesse mesmo Congresso o índio Baniwa Edilson Melgueiros apresentou sua tese de doutorado sobre sua língua materna. Sua tese foi escrita em português e nheengatu e será traduzida para o baniwa em seguida.

Aryon Rodrigues estuda línguas indígenas desde 1945, é responsável pela classificação das línguas indígenas brasileiras e referência internacional nessa área.

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Professor alerta: as línguas indígenas estão desaparecendo
Paraíba.com. bra

Na palestra que proferiu durante a abertura do VI Congresso Internacional de Abralin (Associação Internacional de Lingüística), que está se realizando no campus da UFPB, em João Pessoa, o professor Aryon Rodrigues, alertou que as línguas indígenas estão desaparecendo. Os motivos são vários e passam até pelo extermínio de índios na região Norte do Pais.

Fundador da Associação Internacional de Lingüística, o professor Aryon Rodrigues fez a palestra para um auditório lotado, na Estação Cabo Branco, no Altiplano, na noite desta quarta-feira (4), apesar de o Brasil ser o terceiro pais com mais diversidade lingüística no mundo, aqui há pouco estudo da língua dos índios.

O professor disse também que as universidades brasileiras não estão preparadas para enfrentar o estudo das línguas indígenas. “Para o português, sim, para as línguas indígenas, não”, enfatizou.

Para combater o problema, segundo o professor Aryon, é preciso pensar em como melhorar os programas nas universidades, como criar áreas que atraiam estudantes para trabalhar com pesquisa científica de línguas indígenas, assim como na história natural se atrai para a pesquisa botânica, zoológica, a antropológica. Na área de lingüística isso não tem acontecido, quase.

Esses assuntos estão entre as várias questões abordadas pelo fundador da Abralin, em sua palestra, no sentido de promover o desenvolvimento da pesquisa científica das línguas no Brasil. “Por outro lado busquei mostrar como a pesquisa lingüística no Brasil, além de estudar a língua portuguesa, que é majoritária, também tem como objeto, enquanto ciência, as línguas indígenas, que são cerca de 180. E com essa variedade, o Brasil é o terceiro pais do mundo em diversidade lingüística”.

O professor Aryon Rodrigues destacou que, só no Brasil, a situação inerente à língua indígena, se agrava bastante, “porque essas línguas estão desaparecendo, caindo em desuso, seja porque as populações são exterminadas, ou porque não se busque preservá-la”. Nem mesmo as escolas municipais têm condições para saibam líder com as crianças indígenas, embora tenham um dever constitucional de fazê-lo.

Essa situação da linguistica na área indigena, segundo o professor, também se dá porque, em parte, há um problema de definição: “o que é a área em que se estuda lingüística na universidade? Letras. Linguística é uma área humana, mas na classificação do CNPq e das próprias universidades, ela não é ciência humana é letra. Letras se associam com artes. Arte não é pesquisa cientifica, como não é literatura, neste sentido. A produção da literatura e da poesia estão perto da arte. Olha se o pessoal que trabalha com música assiste aulas em letras e se letra estuda no departamento de música. Então, há uma confusão. E é uma tradição brasileira difícil de superar.

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