segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Ministro Temporão abre temporada de conversas com os índios

O ministro José Gomes Temporão receberá uma comissão de nada menos que 65 índios do médio Alto Xingu representando os povos Ikpeng, Kayabi, Suyá e Yudjá. Esses índios fecharam há uma semana um escritório da Funasa em Canarana, Mato Grosso, e exigiram uma audiência com o ministro para liberar os presos feitos reféns.

Não há reunião que aguente com tanta gente. O que acontecerá hoje?

O ministro Temporão tem, em minha opinião, a melhor boa vontade possível. Luta contra uma máfia feroz incrustada na Funasa há alguns anos e pena para encontrar uma saída decente para a saúde indígena. Ontem, no jornal O Globo, saiu uma extensa matéria sobre a corrupção na Funasa, inclusive por parte de ex-presidentes do órgão. Muito citado é o ex-deputado federal pelo Ceará, Paulo Lustosa. O jornal mostra as relações de parentesco e de indicações políticas entre diversos diretores da Funasa e políticos como Eunício Vieira, Jader Barbalho, Alcione Barbalho e outros.

Há uns dias o ministro Temporão recebeu uma comitiva de índios ligados a Ongs indígenas, especialmente da região Amazônica, a quem prometeu que iria manter sua decisão de tirar a saúde indígena da Funasa e colocá-la na nova secretaria a ser criada. Só que os índios que estão para falar com ele hoje querem a manutenção de uma fundação, ligada à Universidade Federal de São Paulo (antiga Escola Paulista de Medicina), como sua servidora de saúde. Pelo menos, diz o líder desse grupo, Maraiwe Kayabi, até junho de 2009.

Vai ser difícil contentar todo mundo. O ministro Temporão arriscou esperar muito tempo para fazer as mudanças que previa desde um ano atrás, quando a CGU o avisou de que teria que regularizar os problemas da Funasa, tanto os relacionados com a corrupção quanto aqueles relacionados a pessoal e direitos trabalhistas malbaratados. Agora dificilmente poderá agradar a gregos e troianos.

O ministro subavaliou e subjulgou a questão da saúde indígena e agora paga um preço alto. Quis a cabeça do presidente da Funasa, pediu-a ao presidente Lula e lha foi negada. Teve que engolir a desfeita desse atual presidente ousar, em público, que ele o demitisse.

O Congresso Nacional vai demorar para votar a MP que propõe a criação da nova secretaria para cuidar da saúde indígena. A Funasa vai estar presente até então. Pode ser um ano, pode ser mais. Além disso, a pressão do PMDB por mais cargos vai continuar e certamente um ministro mais flexível aos ditames daquele partido seria mais conveniente. Nesse sentido a cabeça do ministro Temporão está por um fio, mesmo que o presidente Lula tenha dito que não tira ninguém até 2010.

E os povos indígenas, como ficarão?

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