quarta-feira, 25 de junho de 2008

Índios e Funai em confronto em Dourados

A situação em Dourados, Mato Grosso do Sul, está insustentável. Ontem, ao fazer uma visita à aldeia Jaguapiru, a administradora da Funai teve uma confrontação inaceitável com um grupo de indígenas que lhe vem fazendo oposição marcada.

Resultado: tiros e flechadas para o alto, acusações mútuas, denúncias na Polícia.

Essa situação não pode continuar assim. Os investimentos de melhoria dessa administração, e foram grandes investimentos, com a contratação inclusive de antropólogos para dar conselhos e sustentação política, resultaram numa luta interna que só aumenta a tensão entre os índios. E tensão, naquela pequena terra indígena, de 3.470 hectares, onde vivem mais de 12.000 índios Guarani, Kaiowá e Terena, resulta em violência.

Este é o resultado do amadorismo desenfreado que tomou conta da Funai. Aliás, em Dourados, a questão maior dos índios é com a Funai. Imagine! Em outras partes do Brasil, as reclamações são dirigidas mais à Funasa. Os índios reclamaram ao presidente Lula que não agüentam mais funcionários da Funai nomeados pela atual gestão por questões partidárias, pois não têm experiência de relacionamento com eles.

É preciso mudar esse quadro urgente, antes que algo mais grave aconteça.

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Índios confrontam com funcionários da Funai em Dourados

Dourados Agora

Momentos de tensão marcaram a tarde desta terça-feira na Reserva de Dourados. Um grupo de indígenas, liderados pelo capitão da Aldeia Jaguapiru, Renato de Souza, teriam se confrontado com equipes da Funai, após uma reunião na escola Agostinho. Houve tiros e flechadas. Apesar do susto, ninguém ficou ferido.

Na delegacia as versões diferem. Os indígenas afirmaram, em boletim de ocorrência registrado contra a Funai, uma empresa de segurança e a Operação Sucuri, que foram vítimas de um atentado. Segundo ele, ao chegar no local, onde a chefe da Funai Margarida Nicoletti realizava uma reunião com grupos indígenas, eles foram recebidos com pelo menos sete tiros.

Segundo eles, Margarida teria estaria colhendo assinaturas para que permanecesse no cargo. Os índios denunciaram ainda que a coordenadora não teria avisado sobre o encontro. Eles questionam o porte de arma de funcionários de uma empresa de segurança particular contratada pela Funai e a função da Operação Sucuri, que para eles não tem o dever de fazer segurança particular para a Funai. O caso foi denunciado no 1º DP.

Outro lado

Por outro lado, a chefe da Funai, Margarida Nicoletti, se defende denunciando que ela é quem foi vítima do atentado. Ao Douradosagora, ela relatou que ao terminar uma reunião na aldeia que explicava aos indígenas sobre os atrasos das 13 mil cestas básicas, foi interceptada por um grupo de índios, que ela denomina "milícia do Capitão Renato".

Os indígenas teriam ameaçado atirar pedras e flechas contra os veículos. Segundo Nicoletti, para manter a ordem foi necessário que a empresa de Segurança realizasse pelo menos dois tiros para o alto. "Um deles estava segurando muito forte em meu braço, me ameaçando. Só então com os disparos pude correr e entrar dentro de veículo", contou.

Quanto a função da Sucuri, Margarida rebate as acusações dizendo que "é dever sim dos agentes protegerem funcionários da Funai, quando estes estiverem em situação de risco. Eles tem autonomia para agir quando a ação tem a finalidade de manter a ordem", conta. Margarida justifica a contratação da empresa particular de segurança, observando os freqüentes conflitos. "A situação está cada vez mais difícil e como ser humano também temo pela minha vida", disse.

Margarida acrescenta que somente na semana passada foi possível reiniciar os trabalhos da Funai, que estavam parados por conta das invasões. "Por esta razão viemos aqui na aldeia informar que na próxima semana as 13 mil cestas estarão sendo distribuídas", conta, observando que a saída dela do cargo, como é uma reivindicação dos indígenas, está descartada. "A Funai não atende uma necessidade particular e sim coletiva. O capitão Renato não representa os 40 mil índios que a fundação é responsável", garante.

Margarida denunciou o atentado na Polícia Federal de Dourados, que vai investigar o caso.

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