quinta-feira, 6 de março de 2008

Índios Kayapó invadem prefeitura de Colider

Depois de várias tentativas para convencer o prefeito de Colider a manter o aeroporto da cidade, de onde partem os aviões da Funai ou de aluguel para levar ou trazer os índios doentes de suas aldeias, 50 índios Kaiapó, Panará e Kayabi, liderados por Raoni e Megaron Txukarramãe, tomaram pacificamente a prefeitura da cidade e querem uma conversa mais séria com o prefeito,

O prefeito, por sua vez, não estava na prefeitura pois fora a Cuiabá falar com o governador para ver se consegue alguma verba para consertar a pista do aeroporto. É problema sério para a saúde indígena, que depende do acesso aéreo. As outras cidades ao lado são mais distantes das aldeias e encarecem os vôos. Do jeito que as coisas demoram a acontecer, vão terminar fazendo isso.

Uma pergunta: Por que deixaram essa pista se estragar tanto? Há algo de propósito no incidente?

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Índios invadem prefeitura para protestar

TAUANA SCHMIDT
Da Reportagem/Sinop

Índios de quatro etnias invadiram o prédio da prefeitura de Colíder ontem para cobrar a reativação do terminal aeroportuário do município. Cerca de 50 índios caiapós, caiabi, apiacá e panará passaram todo o dia dentro do saguão de entrada do prédio esperando que o prefeito, Celso Banazeski, fosse conversar com eles a respeito da interdição da pista do aeroporto, feita no último dia 29.

Um dos índios que está comandando o movimento, Megaron Txuckarramae, disse que os indígenas querem uma explicação apenas do prefeito sobre os motivos da interdição e irão aguardar no local até que ele compareça. “Se precisar, vamos dormir aqui. Não estamos atrapalhando ninguém, todos os funcionários continuam trabalhando, porque nosso protesto é pacífico. Não queremos confusão, queremos apenas que nossos direitos sejam atendidos”.

Segundo ele, a interdição da pista prejudicou diretamente os indígenas das aldeias, cujo acesso só pode ser feito por meio de transporte aéreo. São cerca de sete aldeias, no Parque Indígena do Xingu e às margens de rios como Teles Pires, Caiabi e Juruena, que recebem atendimentos por equipes que decolam do aeroporto de Colíder. São atendimentos médicos, seja de equipes que vão até as aldeias e a índios que precisam ser levados até a cidade ou de medicamentos que precisam ser levados às aldeias.

“Dependemos do aeroporto. A empresa de avião que nos atende precisa dessa pista para atuar. Índios podem morrer por falta de atendimento médico que, muitas vezes, precisa se feito na cidade devida a falta de recursos existentes nas aldeias”.

São cerca de 2,6 mil índios nessas sete aldeias, que estão entre os aproximados 3,5 indígenas atendidos pela unidade da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Colíder, a qual abrange outras 19 aldeias da região extremo norte de Mato Grosso.

O líder indígena explicou que a prefeitura não comunicou à empresa que presta serviços à Funai e que nada foi dito a respeito dos motivos que causaram a interdição do terminal, bem como se serão, e quando serão, resolvidos. “O fato é que o prefeito não comunicou a Funai nem os índios e simplesmente fechou o aeroporto. Agora o avião não pode mais decolar, nem pousar e nós não sabemos o que fazer e nem o que aconteceu”.

Para Megaron, ao menos enquanto a interdição for mantida, uma forma de resolver o problema de transporte dos índios é fazê-lo pelos aeroportos de Sinop, Alta Floresta ou Guarantã do Norte. Porém esse trajeto tornaria o custo do transporte oneroso.

ANAC - De acordo com a assessoria de comunicação da prefeitura de Colíder, a pista foi interditada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), no início do ano, após receber um relatório feito no dia 19 de fevereiro pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) apontando irregularidades na pista e no local onde o terminal está localizado, que poderiam causar acidentes com as aeronaves que pousavam e decolavam diariamente no aeroporto.

Um dos principais problemas apontados é que o terminal está instalado na área industrial de Colíder, às margens da rodovia MT-320, o que pode ocasionar acidentes com as empresas próximas.

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