sexta-feira, 28 de março de 2008

Funasa, mais uma vez, em falta com os índios

Toda semana tem pelo menos três notícias negativas sobre o trabalho da Funasa nas populações indígenas. O assunto é repetitivo, não dá para acompanhar e comentar nem metade do que acontece por aí. E olha que não é por falta de verbas, e sim, por falta de indigenismo e honestidade.

Hoje as notícias vêm de dois extremos do Brasil. Uma vem da Amazônia, onde a Ong indígena Civaja denuncia mortes de índios no Vale do Javari por conta de uma forma mortal de hepatite que se tornou endêmica, alto índice de mortalidade infantil, descaso e corrupção.

A outra vem do sul do Mato Grosso do Sul, na Terra Indígena Potrero Guaçu. A denúncia é do CIMI, que relata a falta de água potável nas aldeias dessa terra indígena.

É tudo uma tristeza só. Enquanto a Funasa não for incorporada pela Funai, seja como instituição agregada, seja na formação de um novo órgão conjunto, não haverá saída para essa questão. A Funasa é incapaz de criar um espírito indigenista. O que mais temo é a gestão atual da Funai a desmoralizar tanto que ela não seja mais capaz de dar a volta por cima. Ao final, como sempre, só os índios a salvarão.

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Índios de municípios do Amazonas sofrem com doenças e mortalidade infantil

MANAUS – Um relatório do Conselho Indígena do Vale do Javari (Civaja) aponta que quatro indígenas já morreram e quase 60% dos quatro mil índios do Vale do Javari, em Atalaia do Norte (a 1.138 quilômetros a oeste de Manaus), estão contaminados com Hepatite, Malária, Tuberculose e Dengue, desde o início de 2008.

De acordo com o prefeito do município, Rosário Conte Galate Neto, em 2007 39 índios do Vale do Javari morreram contaminados por hepatite. O prefeito afirmou ainda que em oito anos a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) não realizou nenhuma ação efetiva que resultasse na redução dos índices das doenças.

Segundo Rosário Conte, o governo federal repassa, por mês, R$ 211 mil para a prefeitura. Ele disse ainda que decretará estado de calamidade pública por causa da situação dos índios. Rosário Conte afirmou que o problema já afeta a sede do município, onde moram cerca de 600 índios, que saíram do Vale do Javari, um dos locais de maior concentração indígena no Amazonas. Ao todo são mais de quatro mil índios das etnias Kulina, Marubo, Mayuruna, Matis e Canamari.

Mortalidade Infantil

Índios da etnia Culina, no município de Eirunepé (a 1.245 quilômetros de Manaus) apresentam alto índice de mortalidade infantil. De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), somente em 2008, sete crianças da aldeia já morreram vítimas de diarréia, desnutrição e infecções respiratórias.

Fonte: Portal Amazônia - TM

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Entidade afirma que índios do MS vivem sem água potável

Germano Oliveira - O Globo

SÃO PAULO - O Conselho Missionário Indigenista (Cimi), órgão ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), denunciou nesta quinta-feira que índios da nação Potrero Guasu, no município de Paranhos, no Mato Grosso do Sul, estão sem água potável há cinco anos. Segundo o Cimi, esta situação agrava a mortalidade de crianças indígenas por subnutrição e doenças.

De acordo com relato do Cimi, há 5 anos, a comunidade reclama da quase total falta de água no lugar. De acordo com suas lideranças, em maio do ano passado, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) furou dois poços artesianos no local para resolver o problema, mas até agora os poços não funcionam, estão vazios.

Os professores denunciam que a água que saía dos bebedouros da escola tinha forte cheiro e coloração marrom e que faltava água na cozinha para preparação dos alimentos e, nos banheiros, para a higiene. Relatam ainda que a falta de água tem resultado em inúmeros casos de doença de pele entre os alunos e que tem agravado o problema de desnutrição, sobretudo entre as crianças. A Funasa argumenta que as bombas de água não foram instaladas por falta de dinheiro que deveria chegar via Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)

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