sexta-feira, 7 de março de 2008

Advogado indígena quer reconstituição da morte de Ramão Machado

O advogado indígena Wilson Mattos está determinado a levar o caso da morte de Ramão Machado por policiais da cidade de Naviraí a se tornar um caso de excesso de rigor da lei.

De fato, os dados que temos sobre essa morte nos levam a crer que os policiais tinham alternativas para prender Ramão Machado, apesar da resistência que ele impôs. Ao invés, deram tiros, que o mataram e feriram mais três indígenas.

Wilson Mattos está nessa luta só. Nenhuma Ong, nem o CIMI (que tanta questão faz de alardear assassinatos e mortes de índios Guarani do Mato Grosso do Sul) veio ao seu socorro. Ele está certo no que está fazendo e merece a solidariedade e o apoio dos indigenistas e antropólogos brasileiros.

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CASO RAMÃO MACHADO


PM está com medo de represália indígena

Advogado da família da vítima pede que o soldado Timóteo seja apresentado à sociedade e afastado de suas obrigações
6.Mar.2008 | NAVIRAÍ - A Polícia Militar de Naviraí está em uma situação delicada no caso Ramão Machado. Que a cada dia fica mais tensa no município. Tanto é que policiais militares que estariam de plantão no dia e que estão sendo ouvidos, não escondem que estão com medo. Segundo o Portal MS, eles estão temendo uma represália por parte dos indígenas que se encontram na cidade acompanhando passo a passo os fatos desde a madrugada de domingo, dia 2, quando o líder indígena foi morto por dois tiros disparados pelo policial Timóteo dos Santos, que é apontado por testemunhas como o autor da morte de Ramão.

A soldado da PM de Naviraí, Ivânia, disse por telefone à reportagem do Portal MS, que os policiais temem por suas vidas e seus familiares. "Eles têm famílias, tem filhos. Eles estão com medo", disse o soldado.

E o jogo de empurra-empurra, ao que tudo indica, só irá terminar após o laudo técnico. O major José Maidana, que responde pelo Comando do 12º Batalhão de Naviraí, através de nota oficial, ressaltou "que havia quatro policiais na guarnição e que foram efetuados outros disparos, que podem ter atingido Ramão. As armas utilizadas durante a ocorrência estão sendo periciadas para levantamento exato dos fatos, não sendo possível, até então, afirmar com certeza, a verdadeira autoria dos disparos que causaram a morte do indígena," destaca a nota.

Outros três indígenas foram baleados na ação da PM: Alexandre Ferreira, 19 anos, Ronildo Gonçalves, 21 anos e um adolescente de 16 anos. Apenas Ronildo permanece internado na Santa Casa de Naviraí.

Defesa

O presidente do Comitê de Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Mato Grosso do Sul, Wilson Matos, disse que tecnicamente os fatos da morte do líder indígena Ramão Machado estão evidenciando que houve uma execução e não um ato em legítima defesa do policial militar Timóteo dos Santos.

Wilson achou estranho o fato de haver 11 policiais (sendo sete em serviço – com arma e mais quatro como testemunhas) e eles não terem conseguido conter um senhor de 62 anos, desarmado.

O advogado perguntou – "Será que não daria para conter o Ramão apenas com uma algema, já que ele era um agressor, ou que na pior das hipóteses, com um tiro contra uma perna?".

Wilson acredita que houve excesso policial e afirmou que está pedindo uma reconstituição dos fatos. "Os policiais são preparados para defender a sociedade, não para matar os membros dela. E da PM, uma instituição centenária, de nome e relevantes serviços prestados para a população, e o que se pode esperar dela é que entregue este policial (se referindo a Timóteo dos Santos) para a Justiça, além de afastá-lo definitivamente de suas funções", disse ao site Sul News.

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