terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Raposa Serra do Sol em perigo

Neste final de semana um grupo de índios ligados ao CIR tentou impedir a entrada de turistas ao Lago Caracaranã, que fica dentro da Terra Indígena Raposa Serra do Sol. É um lado lindo e os turistas são atraídos e recebem permissão dos fazendeiros locais que tratam a terra indígena como se fosse sua.

Os índios armaram uma boa confusão e dois terminaram presos, mas já foram soltos, graças a um habeas corpus impetrado pela advogada Joênia Uapixana.

Os índios estão cansados de verem sua terra usada e abusada por gente de fora. Querem a saída dos arrozeiros, que lhes foi prometida por Lula em agosto passado. E nada.

Os índios têm razão de pressionar. E devem pressionar mais. Há rumores em Brasília, de dentro do governo, que dizem que os arrozeiros vão ser tolerados. Outros mais perigosos dizem que o decreto de homologação do presidente, assinado em 15 de abril de 2005, vai ser modificado.

Pelo sim, pelo não, os índios não devem dar moleza.

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Índios cobram solução para reserva em RR

Após conflito, entidade pede ação do governo contra fazendeiros

Roldão Arruda

Depois de mais um conflito entre índios e não-índios, no fim de semana, na reserva Raposa Serra do Sol, o Conselho Indigenista de Roraima (CIR) voltou ontem a responsabilizar o governo federal pelo clima de insegurança na região. Segundo o vice-presidente da entidade, o índio uapixana Terêncio Salomão Manduca, as tensões estão relacionadas à demora na retirada dos fazendeiros que ocupam partes da reserva. “A terra foi demarcada e homologada há quase três anos e até hoje o governo não cumpriu a promessa de desintrusão”, disse o líder indígena. “Está todo mundo ficando com a cabeça quente.”

No conflito, ocorrido no sábado, um índio foi preso por porte ilegal de arma e outro acabou indiciado em inquérito policial, acusado por agressão. Segundo a Polícia Federal de Roraima, o conflito começou quando um grupo de índios da Comunidade Imbaúba tentou impedir a passagem de carros pela estrada que dá acesso ao Lago Caracaranã - ponto turístico dentro da terra indígena, na área de um fazendeiro que se recusa a deixar o lugar.

O bloqueio acabou provocando conflitos. Um militar da reserva, Paulo Pereira Dias, saiu ferido, atingido por uma flecha.

O incidente atraiu agentes das Polícias Civil, Militar, Rodoviária e Federal. Ao final, o índio Clodomir Malheiros, líder da comunidade, foi preso por porte ilegal de arma. Segundo a PF, ele portava um revólver calibre 38, municiado. Seu companheiro Gessimar Moraes foi indiciado por ter sido o autor das flechadas.

Ontem, a advogada Joenia Apixana apresentou um pedido de liberdade provisória para Clodomir e foi atendida pela Justiça. Ela disse que a polícia nunca demonstra a mesma rapidez quando os índios reclamam de ataques às suas comunidades: “No caso de uma escola indígena incendiada em 2004, até hoje não encontraram culpados.”

Segundo o vice-presidente do CIR, os índios apenas vigiavam suas terras. “Cansados da sujeira que os turistas deixam no lugar, nossos parentes foram até lá para esclarecer que a terra é nossa e que a natureza precisa ser conservada”, disse. “Existe até um convênio com o governo federal para os índios fazerem essa vigilância.”

ARROZEIROS

No mesmo sábado, um grupo de grandes produtores de arroz, instalados dentro da reserva, promoveu um encontro para celebrar a colheita recorde na safra de arroz 2007/2008 no Estado. Eles reivindicam uma parte da reserva, que tem 1,7 milhão de hectares e foi homologada em 2005 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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