quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Bolivia em questão

Jornalista brasileiro entrevista analista político boliviano e chega à conclusão que só uma revisão acordada da Constituição recém-votada teria um desfecho positivo para os dilemas e confusões que estão tomando conta da Bolívia.

O analista político entrevistado tenta ter fé de que as coisas podem se ajeitar, ao menos pelo desempenho histórico da Bolívia que, segundo ele, já fez muitas coisas fora da norma. Por que não outra vez agora?

É esperar para crer

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Para analista político, só um texto constitucional alternativo pode evitar conflito na Bolívia

Julio Cruz Neto
Enviado especial

La Paz (Bolívia) - Se o governo de Evo Morales e a oposição não sentarem para negociar e achar uma solução de consenso para a crise política, um texto constitucional alternativo, os conflitos podem se acentuar na Bolívia. A opinião é do analista Mauricio Ochoa, advogado constitucionalista e presidente da Associação Boliviana de Juristas.

Segundo ele, os prefeitos dos departamentos autonomistas (estados que defendem a autonomia) já estão coletando assinaturas para o referendo de aprovação dos estatutos autonômicos e os grupos camponeses aliados ao governo federal já disseram que vão enfrentar qualquer afronta ao poder central de Evo Morales.

Ochoa acha difícil prever o que vai acontecer, mas acredita na possibilidade de que os dois lados cheguem a um acordo, já que "a Bolívia fez muitas coisas fora da norma" em sua história e "não seria surpresa se acontecesse de novo". A Constituição já foi aprovada em Assembléia Constituinte e, portanto, o procedimento legal agora seria levá-la a referendo popular, da maneira como está escrita.

O texto foi aprovado sem a participação da oposição, que o acusa do ilegítimo. O analista avalia que a principal culpa disso é da oposição, que "não participou das últimas reuniões" da Assembléia, mas aponta que o Movimento ao Socialismo (MAS, partido de Evo Morales e majoritário na Assembléia) também tem sua parcela de responsabilidade.

Isso porque realizou a penúltima reunião – quando o texto foi aprovado em primeira instância, na cidade de Sucre – num quartel, de forma prematura, e com milícias cercando o local, ou seja, "sem as garantias necessárias de segurança" para os opositores. Na ocasião, conflitos deixaram três pessoas mortas.

Mauricio Ochoa acha que a única forma de evitar conflitos mais sangrentos é "deixar de lado as posições indigenistas, que são radicais, e as autonomistas, que também são radicais".

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