terça-feira, 27 de novembro de 2007

Índios Guarani não são bem vindos em Santa Catarina

Hoje as notícias principais vêem de Santa Catarina. A logo abaixo trata da polêmica sobre a terra que os Guarani escolherem para viver ao sairem da beira da BR-101, que está sendo duplicada.

Escolheram uma terra que parece ser linda, com matas e fontes de água. Os munícipes de dois municípios não os querem lá e alegam que vão destruir as matas e prejudicar as águas do rio.

As falas dos não indígenas estão nessa matéria. Até uma Terceira Guerra Mundial é evocada como argumento para tirar os índios de lá.

Vale a pena conferir, para saber como se fala sobre índios em Santa Catarina.

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Prefeito de Morro Grande adquire ônibus apreendido pela Receita Federal em Foz do Iguaçu

Na semana passada, o prefeito de Morro Grande, Ênio Zuchinali (PMDB), viajou a Foz do Iguaçu, pertinho do Paraguai, com o objetivo de trazer um ônibus de turismo cedido pela Receita Federal. Segundo Ênio, no pátio da Receita Federal, em Foz do Iguaçu, encontram-se mais de 600 ônibus apreendidos. O ônibus chegou sexta-feira à noite. Não foi preciso ir a Brasília, nem muita conversa, apenas foi enviado ofício à Receita Federal solicitando este veículo para auxiliar no transporte escolar do município. Em pouco tempo veio a resposta com a contemplação, e imediatamente, o prefeito viajou para buscar o ônibus, motor de Scânia, ano 89, em bom estado de conservação, apesar do tempo parado.

Prefeito de Turvo, PP, cuja sigla faz parte da base aliada do Governo Federal esteve semana passada na Capital Federal empenhado em conseguir um ônibus destes para o município, mas até agora não logrou êxito.

Prefeito de Morro Grande, que pouco conversa e não faz turismo, conseguiu de forma muito simples. E olha que revolucionou Morro Grande nestes quase três anos de administração.


Meleiro e Morro Grande se unem para que os índios guaranis acampados em Três Barras voltem a Torres

Índio quer terra, se não der, pau vai comer. Esta é a preocupação da Polícia Militar e órgãos ligados à causa que temem que em um curto espaço de tempo o conflito vivido por nossos antepassados volte a fazer parte do cenário morrograndense, com a disputa por terras que fazem parte de um jogo de interesses, e que se nada for feito agora, pode comprometer seriamente o abastecimento de água nos próximos anos.

A terceira reunião na semana para debater a permanência ou não dos índios guaranis em Três Barras aconteceu na noite de sexta-feira em Morro Grande. Ganha força o movimento dos que não aceitam os índios naquela área. Circula em Meleiro e Morro Grande um abaixo-assinado explicando os motivos de não se querer os índios neste local. O documento será enviado à Funai e aos órgãos ligados à causa indígena. O Conseg de Meleiro, juntamente com as prefeituras de Morro Grande e de Meleiro, apresentaram inúmeras razões para a retirada dos guaranis daquele local. Os índios estão assentados em uma área de 508 hectares, justamente onde é a nascente do Rio Manoel Alves: responsável pelo abastecimento dos municípios de Meleiro e de Morro Grande.

A preocupação é com a depredação da nascente e a derrubada de árvores, destruindo a mata nativa. Meleiro e Morro Grande não sobreviveriam sem o Rio Manoel Alves. Esta é uma das principais causas que fazem com que os dois municípios se unam para que a reserva não seja instalada em Três Barras.

Existem previsões de que a Terceira Guerra Mundial pode ser ocasionada pela falta de água potável.

O que eles disseram na reunião:

*Ênio Zuchinali - prefeito de Morro Grande. "Jamais falei que sou contra a vinda dos índios para Morro Grande. Disse e repito que minha preocupação é com o local onde estão assentados. Por vários motivos, o local não oferece condições de uma vida digna a qualquer ser humano."

*Maria Ondina E.C. Pelegrini - assessora jurídica da Prefeitura de Meleiro - representando o prefeito Vitor Hugo Coral - "Nossa preocupação é com o meio ambiente. Temos que preservar e punir quem deteriorar o meio ambiente. Estamos preocupados com o desmatamento, com a água, com as nascentes. Não estamos discriminando os índios, mas a população pode se manifestar em favor da preservação ambiental."

*Sargento Brás - integrante do Conseg de Meleiro - "O problema é a localização. Os índios podem ser assentados em um ponto que não prejudiquem a nascente do Rio Manoel Alves. A Funai não escolheu aquele local para vocês. Vocês foram procurados pelo dono do terreno ou corretor, que manipularam vocês, custearam as despesas para forçar a Funai a adquirir estas terras por um preço muito acima do que vale. Hoje são 40 índios, amanhã são 500." *Comandante Pedro Paulo - destacamento da Polícia Militar de Morro Grande - "O local não é próprio. Estamos zelando pela segurança e a paz do índio e da comunidade."

*Jairo Luiz Pelegrini - presidente do Conseg de Meleiro - "Estamos em contato com o procurador da República, Dr. Darlan, e o mesmo está por dentro de tudo o que está acontecendo aqui. Disse que a Funai esteve no local e é contra a permanência deles em Três Barras. Vamos marcar uma nova reunião com o Dr. Darlan e o Dr. Ricardo, promotor da Comarca de Turvo. Nosso futuro depende do Rio Manoel Alves."

Souvenir Longaretti e Vilmar Dandossola estiveram na reunião levando alguns índios guaranis para defender a permanência deles no assentamento. Os índios afirmam que é discriminação o que estão fazendo e que o local é deles por direito porque foi o branco que os expulsou de suas terras há 500 anos atrás. "Temos nossos direitos garantidos, estão na Constituição Federal, artigos 231 e 232, que nos dá direito de terra", defendem.

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