sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Antonio Macedo, indigenista acreano, solta o verbo

O indigenista Antonio Macedo faz profissão de fé e cobra da Funai e do governo aquilo que lhe foi prometido. Finalmente, um funcionário da Funai que não teme vingança.

É isso aí Macedo!

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Antônio Macedo


Indigenista cobra respeito e compromisso do presidente da República e do Congresso Nacional com a causa indígena e o indigenismo no Brasil

Se o salário dos indigenistas brasileiros está uma vergonha nacional, o funcionamento da FUNAI não podia está melhor

Sou Sertanista da FUNAI atuando no Estado do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia a cerca de 32 anos. No decorrer do exercício desta profissão junto aos indígenas destas regiões de fronteira já comi o pão que diabo amassou e ainda não consigo ver respeito das autoridades com a causa indígena e o indigenismo deste nosso país.

Embora este fato não suprima o mérito da atuação, o indigenismo infelizmente não conseguiu até o presente organizar-se em categoria e talvez por isto não tenha alcançado o merecido respeito da classe governante do país.

Cadê a Reestruração da FUNAI? Cadê o Plano de Carreira Indigenista? E o que foi feito da medida provisória que contemplaria os dois itens anteriores? O que na verdade vão fazer de nós e de nossos sofridos anos de trabalho em área de risco?. Sou um daqueles que aposta numa FUNAI cada vez mais forte e mais atuante e calçada por uma política indigenista prospera e sustentável. Um dia, igualmente a todos os servidores públicos quero me aposentar condignamente e convicto de que os povos indígenas brasileiros reencontraram a alto estima e o orgulho de ser brasileiro.

Cadê o governo popular que elegemos neste país? Onde ele se encontra? Este governo é mesmo mais um daqueles que se omite, que faz de conta que não ver e nem ouve? Onde esconderam ou porque desprezam a valorização da plurietnia e a importância da diplomacia indigenista brasileira?

Muitos de nossos companheiros já até perderam a vida embrenhada na luta em defesa dos direitos indígena e, nem assim, conseguiram alcançar respeito e valorização da profissão. Já estamos cansados de falar que falta respeito, compromisso e valorização do indigenismo no Brasil e alguém tem que dar uma resposta objetiva e sustentável para esta questão tão importante neste país.

A lei promete e infelizmente os homens não cumprem

A Constituição Federal promulgada em 05 de outubro de 1988, na conformidade do que foi estabelecido no artigo 67, a União concluiria a demarcação das terras indígenas do Brasil no prazo de ‘’cinco anos’’. Infelizmente tal meta não foi atingida havendo ainda hoje muito a ser feito para atingir este objetivo e com isto dar segurança e tranqüilidade aos 220 povos indígenas de 610, terras indígenas onde vivem cerca 400.000 índios, primeiros habitantes deste país.

Nos velhos tempos do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) os sertanistas e indigenistas eram utilizados para pegar os índios na floresta e entrega-los aos seringalistas nos barrocões para serem utilizados na condição de mão-de-obra escrava. O sertanismo era feito de forma indutiva junto a estes povos indígenas e deu no reino de expectativas e ilusões que se observa existir no universo da vida dos povos indígenas deste país. Isto não é justo, é colonização escancarada.

Missão e competências da FUNAI

A Fundação Nacional do Índio - FUNAI, subordinada ao Ministério da Justiça, é o organismo instituído pelo Governo Federal brasileiro, através da Lei nº 5.371 de 05.12.1967 com a finalidade de, em todo o território nacional, defender, proteger, assegurar os direitos originários dos povos indígenas “estabelecer as diretrizes e garantir o cumprimento da política indigenista no Brasil conforme estabelece o termo ‘’cuidar.”

Quando realmente vai-se concluir este trabalho de reconhecimento, demarcação e regularização fundiária das terras indígenas no Brasil?. Porque tanta demora, tanta avaliação e julgamentos se na verdade se trata de direitos originários destes povos indígenas?.

Tenho atualmente 55 anos de idade, nasci na colocação Bagaceira do Seringal Transval no Rio Muru – Município de Tarauacá – Estado do Acre no dia 07 de maio de 1952. Cresci na Aldeia Caucho da Terra Indígena Kaxinawá do Igarapé do Caucho. Eu não conhecia as leis mas achava estranho o governo do meu próprio Estado naquela época não reconhecer a existência e os valores dos povos indígenas com quem convivíamos desde criança.

Finalizando, afirmo que os indigenistas brasileiros esperam do Presidente Luis Inácio Lula da Silva e do Congresso Nacional agilidade e coerência na aprovação da medida provisória que contempla os Itens: Plano de Carreira Indigenista e Reestruturação da FUNAI e do senhor atual Presidente da FUNAI cobramos a imediata implantação oficial da Administração Executiva Regional da FUNAI no Vale do Juruá acreano.

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