sexta-feira, 28 de setembro de 2007

FUNAI: A Hora da Verdade

Chegou a hora da verdade para a FUNAI.

Estamos nos aproximando do final do ano e até agora não saiu nada de Plano de Carreira Indigenista.

Onde está o Plano de Carreira da FUNAI? Por que não foi anunciado no tal PAC Indígena, tal celebrado em São Gabriel da Cachoeira?

Temo pelo pior. A nova gestão da FUNAI está dominada no discurso e na prática pelas Ongs oportunistas. Elas estão com a faca e o queijo na mão, alardeiam o quê querem, prometem mundos e fundos, mas na hora do vamos ver, saem correndo. Certamente irão abandonar os funcionários e os índios quando virem que não conseguiram o que queriam. Por trás, falam mal da FUNAI, detratam-na e fazem com que os burocratas do Planejamento achem que o Plano de Carreira Indigenista é só o desejo de funcionários, e não uma questão de estado, uma necessidade premente do Estado brasileiro.

O pior de tudo é que estão transformando a FUNAI em bode expiatório da questão indígena brasileira. Tudo que há de errado na questão indígena brasileira é porque a FUNAI não quis ou não sabe fazer ou não tem forças para fazer.

Assim prossegue a marcha da insensatez. Pulverizam as ações indigenistas por dezenas de órgãos. Distribuem os recursos pelos ministérios que não têm a mínima condição para realizar ações indigenistas, só para terem que contratar seus amigos antropólogos, sociólogos, nutricionistas, advogados, o que for.

A FUNAI merece mais respeito. Durante os 43 meses que a presidi me senti em casa, com a satisfação de ver homens e mulheres dedicados não a um emprego, mas a uma causa, a um sentimento de brasilidade. Me esforcei muito para obter esse Plano de Carreira. Escrevi diversos conceitos e descrições das carreiras. Convoquei os indigenistas a pensarem nessa carreira, a criarem uma Escola de Indigenismo, a treinarem os novos servidores, que entrariam em futuro concurso público. Argumentei muito com o ministro Márcio Thomas Bastos, creio que o convenci da importância do órgão. Ele levou essas considerações à Casa Civil e ao presidente da República. Por diversas vezes achei que o Plano estava aprovado nesta alta esfera. Ao sair da FUNAI achava que era só uma questão de tempo, inclusive tinha sido adiada para ser lançada como modo de fortalecer o novo presidente.

Entretanto, a coisa não andou. Andou só na dissimulação. E sinto que foi por falta de convicção da nova administração. Querem levar a FUNAI a um ponto sem retorno, a uma entropia.

A FUNAI tem que resistir a isso. A causa indígena está em perigo.

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