quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Enawene-Nawe denunciam fazendeiros a Mario Lúcio Avelar

Continua fervendo a questão da ampliação da terra dos Enawene-Nawe, a recepção agressiva da cidade de Juína ao Greenpeace e a OPAN.

Lideranças indígenas dos Enawene-Nawe foram a Cuiabá para denunciar que também estão sendo acossados por fazendeiros quando vão à cidade de Juína.

Não tem outra. É abrir processo contra o prefeito, um vereador cúmplice da recepção negativa e os fazendeiros presentes. Como isso vai ajudar nos estudos de ampliação é outra história.

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Ameaças e preconceito

índios enawene nawe vêm a Cuiabá denunciar intimidações que estariam sofrendo por políticos e fazendeiros da cidade

ALINE CHAGAS
Diário de Cuiabá

Representantes dos índios enawene nawe de Juína vieram a Cuiabá denunciar às autoridades ameaças e preconceito que vêm sofrendo na região em virtude do possível estudo para identificação de uma área de pesca cerimonial que seria reintegrada à terra indígena. Segundo denúncias de ambientalistas e funcionários da Fundação Nacional do índio, ameaças são feitas a todos que trabalham com a etnia.

Representantes da etnia se reuniram ontem com o procurador da República Mário Lúcio Avelar, que acompanha a situação do grupo para saber o que pode ser feito para mudar o clima de tensão. Um dos índios, Menakalessene Enawene, contou que eles não conseguem mais ir até a cidade de Juína para passear ou qualquer outra atividade, porque, quando encontram vereadores, fazendeiros e até o próprio prefeito, Hilton Campos, são avisados de que a "cidade não é de índios. A cidade é dos brancos".

O indígena contou que todos os dias recebem telefonemas alertando sobre o risco de continuar a pedir o estudo da área. Menakalessene disse que os índios estão com medo das ameaças se concretizarem e, por isso, vieram a Cuiabá buscar ajuda do Ministério Público Federal e da Fundação Nacional do índio.

O chefe da Funai em Juína, Antônio Carlos de Aquino, confirmou que as ameaças continuam e têm se acirrado a cada dia. Antônio Carlos apontou que a demora na abertura de inquérito e providências de autoridades sobre a situação podem acabar resultando em violência física contra os índios e as pessoas que trabalham com eles.

"Há alguns dias eles (fazendeiros) foram até a Funai para fazer questionamentos. Na ocasião, eles disseram que a Funai não deve demarcar a área em questão, senão todos terão problemas com eles", declarou Antônio, por telefone, ao Diário.

Segundo ele, não há condições dos índios andarem na cidade em paz. Sempre que vão até uma loja, restaurante ou mercado, são tratados com indiferença. "A situação é crítica", frisou.

ATIVISTAS - Na terça-feira, o diretor do Greenpeace no Brasil, Frank Guggenhein, encaminhou uma carta ao governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, solicitando adoção de medidas efetivas por parte do governo para que assegurem a integridade física dos Enawene Nawe e dos representantes da Opan - ong ambientalista -, ameaçados por tentarem defender seu direito à vida, ao trabalho e à defesa dos povos indígenas.

"Reiteramos também nosso pedido de investigação das ameaças telefônicas, da apuração dos fatos e providências que levem punição dos responsáveis por tais atos", finaliza o diretor.

Representantes das duas ongs e jornalistas estrangeiros foram coagidos por políticos e fazendeiros da cidade a deixarem Juína, em agosto, quando tentavam fazer matéria sobre a queda do desmatamento no Estado e visitar a reserva dos enawene nawe.

A Secretaria de Comunicação do Estado de Mato Grosso informou que a carta ainda não chegou às mãos do governador Blairo Maggi.

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