quinta-feira, 26 de julho de 2007

Pajé Guarani é atropelado em Antônio João, MS

Mais um crime contra os Guarani. Desta vez foi um atropelamento proposital, segundo um índio Guarani, na estrada que liga Antônio Joâo a Bela Vista, no sul do Mato Grosso do Sul.

Os índios estão revoltados. Sua terra ao lado, chamada Ñanderu Marangatu, foi demarcada e homologada na minha presidência da Funai, mas o Supremo Tribunal Federal deu uma liminar para os fazendeiros não sairem até que a matéria seja resolvida. Está nas mãos do ministro Grau decidir há dois anos, e nada.

Por outro lado, os índios culpam a extinção da Administração de Amabai por parte da nova administração da Funai pelo desleixo com que têm sido brindados.

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Morte de pajé atropelado aumenta tensão no MS
Irmão de Hilário Fernandes diz que atropelamento foi 'proposital' ; quase 300 indígenas bloquearam MS-384

MATO GROSSO DO SUL - O atropelamento e morte do pajé da etnia guarani-ñhandeva, Hilário Fernandes, ocorrida na noite da última quarta-feira, aumentou a tensão entre os 20 mil índios que habitam a região de fronteira com o Paraguai no Mato Grosso do Sul.

Nesta quinta-feira, 26, quase 300 indígenas bloquearam a rodovia MS-384, ligação entre os municípios de Antônio João e Bela Vista, no extremo sul do Estado, impedindo a passagem até de ambulâncias.

O pajé, estava caminhando no acostamento da estrada juntamente com o irmão, Adelino Fernandes, quando um carro não identificado atropelou os dois. Hilário morreu no local e Adelino escapou do acidente com ferimentos leves. "Meu irmão foi atropelado de propósito", afirma a vítima, explicando que os índios da região estão sendo perseguidos "pelos fazendeiros que há décadas vivem nas terras indígenas".

A Polícia Federal está investigando o caso, mas o delegado da Polícia Civil de Antônio João, Cícero Prentice Barbosa Júnior, disse que a morte do pajé foi registrada como homicídio culposo (não intencional). Os manifestantes prometem novos bloqueios nas rodovias mais movimentadas da região, durante toda a próxima semana, para protestar contra a situação difícil das tribos ñhandeva e kaiowás.

Caciques das duas etnias elaboraram a "Carta das lideranças indígenas" e estão entregando o documento com uma série de denúncias para dirigentes policiais, políticos e eclesiásticos. A principal delas é o fechamento da Administração Regional da Fundação Nacional dos Índios (Funai) de Amambaí e a instalação do Núcleo da Funai do Cone Sul em Dourados, a 150 quilômetros da fronteira.

"Ficou tudo longe", ressaltou o cacique da Aldeia Amambai Rodolfo Ricarte, na carta, ao denunciar pelo menos três mortes de crianças por desnutrição na Aldeia Taquapery em Coronel Sapucaia nos últimos 60 dias por falta de alimentos e assistência. O administrador da Funai em Dourados, Eliezer Cardoso, afirmou que realmente a situação na divisa com o Paraguai está difícil, pois "há dois anos a Funai de Amambaí não atende os índios da região".

Cardoso garantiu que a Funai de Amambaí não vai fechar. "A partir de setembro próximo, vamos melhorar o atendimento no extremo sul. O local não será fechado, mas transformado em uma unidade de apoio".

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