sábado, 28 de julho de 2007

Índios do Noroeste discutem proteção territorial

Em reunião em São Gabriel da Cachoeira, promovida por Ongs que trabalham com os índios do Noroeste brasileiro, discutiu-se questões de proteção territorial e autonomia cultural.

Nessa matéria, publicada pelo ISA, os índios da Venezuela reconhecem que seus territórios não são reconhecidos pelo Estado venezuelano.

Quando era presidente da Funai, enviei um perito em demarcação de terras para ajudar os índios venezuelanos e o governo e estudar e demarcar as terras indígenas. Quando chegou na questão de retirar invasores, os venezuelanos pularam fora. Não querem mexer nesse vespeiro. Assim, as terras indígenas da Venezuela são compartilhadas por todos e não exclusivas aos índios. O Brasil está léguas à frente desse país vizinho, tão conservador e agora tão metido a radical.

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Canoa discute educação e autonomia dos territórios indígenas no Brasil, Venezuela e Colômbia

No terceiro dia de reunião, a Cooperação e Aliança no Noroeste Amazônico (Canoa) abordou a situação dos povos Yanomami que habitam em Roraima, fronteira com a Venezuela, apresentada pela organização brasileira CCPY- Comissão Pró-Yanomami e pela organização venezuelana Wataniba - Asociación para el Desarollo Humano Multiétnico de la Amazonia. Também estiveram em pauta questões de autonomia e demarcação de terras na Colômbia e Venezuela.


Reunida em São Gabriel da Cachoeira (AM), a Cooperação e Aliança do Noroeste Amazônico - Canoa - discutiu na quarta-feira, 25 de julho, a questão da educação entre os Yanomami, os povos do rio Orenoco (Venezuela) e do rio Miriti (Colômbia)e abordou questões de autonomia e demarcação de terras. Do lado brasileiro, a Terra Indígena Yanomami se localiza no norte do Amazonas e a noroeste de Roraima e faz fronteira com o sul da Venezuela. Os representantes da CCPY, Marcos Wesley e Clarisse Jabur, traçaram um quadro considerando diversas questões, sobretudo em relação ao território e à educação. Em relação ao território, os Yanomami vêm sofrendo com a invasão garimpeira. Estimativas recentes dão conta de que existem em torno de mil garimpeiros em terras Yanomami, invadindo lugares sagrados, degradando a floresta, trazendo doenças entre outros males. As ações que a Polícia Federal e a Fundação Nacional do Índio (Funai) tem feito eventualmente para retirada dos garimpeiros, não são eficazes, pois de acordo com Wesley, o que deve ser feito é implementar um serviço de inteligência em Boa Vista para coibir o abastecimento desses garimpos nas terras indígenas.

A coordenadora do projeto de educação da CCPY, Clarisse Jabur, explicou que a educação se baseia no "resguardo" da cultura Yanomami. Esses povos ainda mantém muito vivas suas tradições e língua. "Os Yanomami decidiram que a escola será um ambiente para adquirir conhecimento da sociedade envolvente de modo que esse conhecimento possa ser utilizado por eles para proteger os seus territórios".

No lado venezuelano, os Yanomami, tal como no Brasil, também vem sofrendo por causa da garimpagem ilegal nas suas terras. O agravante é que os territórios Yanomami na Venezuela não são reconhecidos oficialmente pelo governo. O antropólogo José Antônio Kelly, da Wataniba, explicou que as terras tradicionais desses povos estão em reservas de proteção permanente, que na Venezuela denominam-se “Reserva de Biosfera”, e em parques nacionais. Essas reservas foram criadas com intenção de proteção total daquelas paisagens, sem levar em consideração que eram habitadas tradicionalmente por povos yanomami. Kelly informou ainda que vários povos indígenas da Venezuela têm projetos de demarcação de suas terras, mas até o momento nenhuma delas foi reconhecida oficialmente. Ele acredita que o movimento indígena venezuelano deveria exercer maior pressão no governo, mas isso não ocorre porque a grande maioria das lideranças são funcionários do Estado e isso os impede de entrar em embates com as políticas estatais.

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