quinta-feira, 21 de junho de 2007

Índios não querem saída da administração de Bauru

Os índios Terena e Kaingang da região de Bauru, onde está uma administração da Funai, vêm reclamando que não são ouvidos na mudança da sede administração, de Bauru para Santos, que a atual gestão da Funai quer fazer. Chegaram a prender o atual administrador por alguns horas para planejar o modo de serem ouvidos pela Funai em Brasília.

É evidente que os índios do interior de São Paulo não querem perder a administração. Algumas lideranças vêm fazendo muito barulho contra isso e contra quem quer que a Funai coloque como administrador. Vai ser difícil resolver essa parada sem contestações cada vez mais altas.

Confiram as duas matérias vindas de jornais de Bauru e Avaí.________________________________________________________________

Reestruturação da Funai é realizada à revelia de índios, alegam caciques

Luciana La Fortezza

A reestruturação pela qual passa a Fundação Nacional do Índio (Funai) em todo País, que prevê inclusive a transferência da regional do órgão federal de Bauru para Santos, ocorre à revelia das aldeias situadas em Avaí. A queixa partiu dos próprios caciques que, reunidos, agendaram para amanhã um encontro com o atual administrador da regional em Bauru, Cristino Aparecido Cabreira Machado.

“Nós temos o direito de participar. Queremos saber o que vai acontecer. Muitos funcionários da Funai são índios”, explica o cacique a tribo Teregua, Anildo Lulu. Ontem, ele tentou protocolar no órgão o convite para a reunião, mas em virtude do ponto facultativo não havia ninguém no local.

De acordo com Lulu, as aldeias querem aproveitar a oportunidade para demonstrar interesse nas mudanças, que também teriam sido provocadas pela pressão feita pelo grupo de caciques. Em maio deste ano, eles fizeram um levante contra o administrador anterior, Newton Machado Bueno.

Ao acompanhar a reestruturação, os caciques esperam proteger suas tribos e resolver questões, como por exemplo, as relacionadas a recursos financeiros - o montante liberado para a compra de óleo diesel, além de conserto e manutenção de máquinas agrícolas seria insuficiente, dizem os caciques.

Qualquer queixa registrada em Avaí, a partir do início do próximo ano, quando a regional da Funai estará sediada em Santos, deverá ser encaminhada para um escritório local destinado às articulações junto às lideranças indígenas.

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Administrador da Funai fica 6 horas em poder dos índios

Pressão das aldeias em Avaí leva interino a entregar o cargo para troca

Índios da aldeia Tereguá em Avaí mantiveram sob seu poder, ontem, durante seis horas, o administrador interino da Funai de Bauru (Fundação Nacional dos Índios), Cristino Aparecido Cabreira Machado, 44 anos. Apesar de Cristino dizer que se tratava de uma reunião pacífica, o portão foi mantido fechado sob vigilância de alguns índios.

Durante as negociações Cristino tentava organizar comissão de líderes das aldeias para formular uma estratégia para chamar a atenção dos dirigentes em Brasília. “Não consigo falar com a presidência e nem com ninguém da administração”, explicava o interino depois de telefonar insistentemente para seus superiores.

As discussões foram encerradas apenas quando ele conseguiu um contato com a sede no Distrito Federal e colocou o seu cargo à disposição com o acordo de entrega de um documento, para o diretor de assistência da Funai, em Brasília, Aloysio Antônio Castelo Guapindaia, solicitando a nomeação do funcionário de carreira da sede regional, que é de confiança dos índios, Emílio Barbosa Neto, para substituí-lo até o dia 25.

Depois desta data, os líderes das 36 aldeias dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, que integram a Funai de Bauru, acreditam que vão eleger um índio para assumir a posição de administrador. “Queremos firmar parcerias. Para isso precisamos de alguém lá dentro [da Funai] que entenda as nossas dificuldades”, argumenta o cacique da Tereguá, Anildo Lulu, 36 anos.

Anildo diz que existe uma incompatibilidade ideológica entre a comunidade indígena e os administradores da Funai. “Eles conhecem a história dos índios, nós vivemos ela. Ninguém melhor do que a gente para saber de nossas necessidades”, justifica o cacique sobre a nomeação de um índio para a administração da Funai regional, que em meados de fevereiro de 2008 ganha nova sede em Santos (SP).

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